Idealizador
Nota do revisor
Minha neta Leticia está saindo da fase do “Atirei o pau no gato” e da “Ciranda Cirandinha” e de repente me deparei perguntando: – Daqui a 15 ou 20 anos, o que é que ela vai cantar?
Foi pensando nela, nesse universo de pais, filhos e avós, que resolvi editar esse caderno para tentar fazer um verdadeiro intercâmbio entre as gerações. Essa foi a única forma que encontrei para salvaguardar, proteger, preservar a nossa música sertaneja, traço riquíssimo de nossa cultura, retrato fiel dos costumes de nossa gente. Venha viajar comigo em busca de nossas raízes passando por clássicos do sertão. Músicas que já são domínio público até os dias de hoje, com arranjos e instrumentos que nossos avós jamais entenderiam fazendo parte de qualquer melodia da “roça”. No meu “Caderno Sertanejo 2” vamos juntos voar no tempo de Cornélio Pires, Raul Torres e João Pacífico, matar a saudade infinda de Cascatinha e Inhana. Inezita Barroso, Tião Carreiro, Lourival dos Santos, conseguiram mandar seu recado sem o “blim-blim” da Globo e seguiram décadas na memória dos cantadores. Asa Branca, Assum Preto nos remete ao nordeste e ao saudoso “Lua” (Luís Gonzaga) com sua clássica sanfona. É disso que o velho gosta e Panela velha, clássicos do sul do nosso Brasil. Dobramos o século e seguem firmes Fernando e Sorocaba, Victor e Léo, Luan Santana, Paula Fernandes e tantos outros, agora arrebatando multidões com uma parafernália eletrônica à sua volta. É a música do barzinho, é a melodia íntima e quieta migrando para o Sertanejo, desde Felicidade de Lupicínio até Romaria do Renato Teixeira integram hoje esse mundo alegre, sincero, puro e familiar da nossa música de raíz. Foi com o mesmo olhar alegre, sincero e puro de minha neta Leticia que me vi impelido a publicar esse segundo “Caderno Sertanejo” para que aqueles que estão chegando saibam o peso do legado cultural que nós pais e avós estamos deixando como herança.
Bom proveito.
Assis Marcondes dos Santos
O Caderno Sertanejo é direcionado aos principiantes da música.
Seu repertório foi cifrado somente com acordes maiores e menores, chamados acordes perfeitos ou consonantes, e apenas uma forma de acorde dissonante, com sétima, que agrega valor à harmonia, criando uma ideia de suspense, como uma pergunta que deve ser respondida pela tônica. Contudo, todos os acordes postos aqui são de fácil execução. Com o tempo, o iniciante vai sentindo falta de mais acordes entre os “principais” e é aí que entram os dissonantes, de extensão e de ligação. São exemplos: com sétima maior, com sexta, quarta, aumentados e diminutos, fusões de um acorde com o baixo de outro, inversão de baixos, etc. Normalmente, os acordes consonantes não exigem muito nas levadas, batidas e rasgueados. Os dissonantes, no entanto, já solicitam uma execução mais apurada da mão que faz o ritmo, exigindo uma técnica mais avançada e um estudo mais aprofundado do aluno (a música clássica, por exemplo). A canção “Pepe”, (Caderno 2, página 130), é um bom exemplo de música popular revestida de uma harmonia mais rica e elaborada.
Com um pouco de perseverança, verá o iniciante que cada música é única e, após munir-se de algum conhecimento, poderá adicionar, conforme seu gosto, acordes que proporcionem uma harmonia diferenciada e mais sofisticada ao arranjo.
Um abraço, boa sorte e bom estudo.
Enúbio Queiroz
Nossa História
Caderno Premium